FMI vê economia global melhor do que o esperado, mas ainda com sinais de alerta
A economia global está evoluindo de forma melhor do que o previsto, embora ainda apresente sinais de vulnerabilidade, segundo a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. A declaração foi feita nesta quarta-feira, em seu discurso de abertura antes das próximas reuniões do FMI e do Banco Mundial, agendadas para a próxima semana em Washington.
Perspectivas e alertas para a economia mundial
Georgieva destacou que o crescimento mundial deve ficar em torno de 3% a médio prazo, compatível com os anos anteriores, mas ainda abaixo dos 3,7% médios observados antes da pandemia. Ela afirmou que, de modo geral, a economia resistiu às tensões agudas, mas alertou que essa resistência ainda não foi plenamente testada.
Segundo o relatório anual do FMI, o crescimento global deve manter-se, porém, com riscos considerados altos. “Vários fatores indicam que a resistência da economia mundial ainda enfrenta ameaças, como o aumento da demanda por ouro e a possibilidade de tarifas elevarem a inflação”, alertou Georgieva.
Desafios e riscos à estabilidade financeira
Entre os sinais de alerta, a diretora do FMI citou a possível inversão de confiança nos círculos financeiros, que poderia comprometer o financiamento das empresas. Ela também alertou para o risco de uma correção abrupta em ações relacionadas à inteligência artificial, cujo valor de mercado atinge níveis não vistos há 25 anos durante a bolha da internet.
Georgieva pediu aos Estados Unidos que preservem o comércio internacional, apontando que, apesar de a economia americana ter se mantido estável diante de previsões de recessão de curto prazo, seus fundamentos ainda enfrentam desafios, como a necessidade de reforçar as margens orçamentárias e reduzir desequilíbrios excessivos.
Reformas e ajustes na América Latina
Ela fez uma avaliação positiva da Argentina como exemplo de ajustes econômicos mais rigorosos e reforçou que países da América Latina devem aproveitar a reorganização das cadeias globais de suprimentos para fortalecer suas próprias economias. “O sucesso depende do apoio da população a esses ajustes difíceis”, afirmou.
Endividamento global e impacto nos países
Outro ponto destacado foi a trajetória da dívida pública mundial, que deve atingir 100% do PIB em 2029, impulsionada pelos EUA, China e países europeus. Essa situação provoca juros crescentes e eleva os custos de financiamento dos governos, principalmente no Japão, França e Reino Unido, limitando a capacidade de resistência a crises futuras.
Georgieva ressaltou que os riscos de uma “queda violenta” nos mercados de ações e a alta demanda por ouro indicam a necessidade de cautela. Ela também advertiu que o aumento das taxas de juros prejudica ainda mais as capacidades de sustentar políticas econômicas robustas diante de choques externos.
Para ela, é fundamental que os países continuem promovendo reformas estruturais e mantendo políticas fiscais responsáveis, enquanto trabalham para manter a estabilidade financeira mundial e evitar uma crise de maior proporção.
Mais detalhes sobre o relatório do FMI serão divulgados na próxima terça-feira, quando é esperado o anúncio oficial do crescimento global previsto para os próximos anos.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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