Café ainda deve subir entre 10% e 15% nas próximas semanas, aponta setor

Mesmo com a redução de preços registrada em agosto, o café no Brasil deve registrar nova alta de entre 10% e 15% nas próximas semanas, estimam especialistas do setor. A expectativa é de que o quilo volte aos patamares de dezembro, quando chegou a R$ 80, refletem dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e informações de duas grandes empresas produtoras.

Factores que impulsionam a alta do cafés

De acordo com o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio, o aumento ocorre porque as indústrias estão pagando mais pelo café vindo das fazendas brasileiras. “O preço pago ao produtor recuou em março, mas voltou a subir desde início de agosto”, explica. Isso é resultado de fatores globais e climáticos, como a alta nas cotações na bolsa de Nova York devido ao tarifão de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro.

Segundo o analista da StoneX Brasil, Fernando Maximiliano, o mercado esperava que o governo americano isentasse o café do tarifaço, como fez com o suco de laranja, mas o produto permaneceu na lista de tarifas, causando disparo nos preços. “O cenário de baixa oferta, combinado com estoques globais baixos por problemas climáticos, reforça a tendência de alta no valor do café”, reforça Maximiliano.

Consequências da crise climática e da safra brasileira

A produção brasileira também enfrenta dificuldades, com uma safra menor que o previsto. A StoneX estima uma queda de 18,7% na colheita de café arábica neste ano em relação a 2024. Problemas climáticos, como geadas no Cerrado Mineiro e secas desde 2020 em países como Vietnã e Colômbia, contribuíram para a baixa quantidade de grãos disponíveis no mercado mundial.

A disponibilidade restrita e a maior cotação do café na bolsa de Nova York refletem o cenário mundial de escassez. Como o Brasil responde por mais da metade da produção mundial de café, a dificuldade na colheita nacional impacta diretamente os preços internacionais e, consequentemente, no bolso do consumidor brasileiro.

Impacto no preço ao consumidor e perspectivas futuras

Dados do IBGE apontam que o café ficou 2,17% mais barato em agosto, mas essa redução é passageira. Especialistas indicam que, em breve, o preço ao consumidor deverá voltar a subir. “Para o consumidor brasileiro, o efeito será um aumento de até 15% nas próximas semanas”, afirma Inácio.

Essa tendência de alta é estimulada por fatores estruturais, como o clima desfavorável e a dinâmica de exportação. O aumento nos custos de produção, aliado ao dólar mais valorizado, mantém o café em patamares elevados e reflete na formação de preços ao longo da cadeia produtiva.

Perspectivas para o mercado de café

Segundo Maximiliano, uma recuperação mais significativa na produção mundial só ocorrerá com uma safra grande no Vietnã, Colômbia e, principalmente, no Brasil, o maior produtor. Contudo, ele alerta que isso não deve acontecer em 2025, reforçando a permanência do cenário de preços elevados a curto prazo.

Enquanto isso, exportadores brasileiros podem deslocar suas vendas para mercados alternativos, como a Europa, devido à maior demanda dos Estados Unidos, que priorizam importações de países como a Colômbia. Assim, o panorama para o café brasileiro permanece de preços elevados, afetando diretamente o consumo doméstico.

Para saber mais, acesse a reportagem completa no G1.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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