Julgamento de Bolsonaro no STF reacende tensões políticas e influencia o mercado financeiro
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, retomado nesta terça-feira (9) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), concentra as atenções do mercado financeiro. A sessão, que ocorre na Primeira Turma do STF, deve definir a condenação ou a absolvição de Bolsonaro e de outros sete réus ligados à tentativa de golpe de Estado em 2023.
Retorno do julgamento e impacto no mercado
Após ouvir os argumentos da acusação e das defesas, os ministros Alexandre de Moraes, relator, e Flávio Dino, apresentam seus votos. A expectativa é de que, até a próxima sexta-feira, o resultado seja conhecido, com uma tendência de condenação de Bolsonaro, segundo analistas. No entanto, o cenário político internacional — especialmente as ameaças do governo dos Estados Unidos ao Brasil — mantém o mercado atento às possíveis consequências.
“A condenação de Bolsonaro parece inevitável na análise do mercado, mas há preocupação com possíveis reações internacionais, sobretudo dos EUA”, avalia Alison Correia, analista de investimentos da Dom Investimentos. Segundo ele, a postura dos americanos pode influenciar até a decisão de políticas econômicas internas e externas do Brasil nos próximos meses.
Reações internacionais e cenário global
Na manhã desta terça-feira, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) divulga a revisão anual dos dados de emprego, que indicou a criação de 818 mil empregos a menos do que o estimado inicialmente para o período de um ano. Essa revisão reforça sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho americano e aumenta as apostas de que o Federal Reserve poderá reduzir os juros nos próximos meses.
Na Argentina, a derrota de Javier Milei na província de Buenos Aires, após denúncias de corrupção envolvendo sua irmã, causou forte impacto na Bolsa de Buenos Aires. O índice S&P Merval caiu 13,25%, enquanto o peso argentino desvalorizou-se mais de 4% frente ao dólar, refletindo a instabilidade política na região.
Desempenho do dólar e Ibovespa nesta semana
- Dólar: sobe 0,08% na sessão, cotado a R$ 5,4214, acumulando avanço de 0,07% na semana e queda de 12,35% no ano.
- Ibovespa: inicia o dia com queda de 0,59% na semana, mas acumula ganho de 17,88% no ano, refletindo a volatilidade do cenário político e econômico.
Mercado internacional e expectativas
Os mercados de Wall Street começam o dia com pequenas variações após uma semana de fortes altas. Os investidores permanecem atentos à revisão dos dados de emprego nos EUA, que pode sinalizar uma política monetária mais branda. Os futuros indicam leves altas: Dow Jones +0,03%, S&P 500 +0,12% e Nasdaq 100 +0,21%.
Na Europa, as bolsas operam em alta moderada, pressionadas pela fusão entre Anglo American e Teck Resources, além da preocupação com a situação fiscal na França e a decisão do Banco Central da zona do euro sobre juros. O índice europeu STOXX 600 sobe 0,08%, impulsionado por ações do setor de recursos básicos.
Na Ásia, o desempenho foi misto: Hong Kong destacou-se com alta de 1,19% no índice Hang Seng, impulsionada por expectativas de corte de juros nos EUA. Na China, porém, os principais índices recuam, refletindo tensões internas e preocupações econômicas.
Fonte de instabilidade política e desafios futuros
A expectativa pelo desfecho do julgamento — que deve apontar a responsabilidade de Bolsonaro — alimenta as incertezas no cenário político e econômico do Brasil. Além disso, a ameaça de retaliações por parte do governo dos EUA, corroborada por declarações do subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado, acirra o clima de instabilidade.
“O mercado acredita na inevitabilidade da condenação, mas o que preocupa é como essa decisão será interpretada internacionalmente e quais reações ela poderá desencadear”, destaca Correia. O mercado brasileiro permanece atento à evolução do julgamento e às possíveis implicações externas, especialmente em relação à política norte-americana.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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