Crise de liderança ameaça a confiabilidade das estatísticas de emprego nos EUA
O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS) enfrenta uma grave crise de liderança, com um terço dos cargos de alto escalão atualmente vagos, de acordo com seu site oficial. Essa situação compromete a produção de dados cruciais sobre o mercado de trabalho americano, refletindo uma série de desafios internos agravados pela gestão do governo Trump.
Desafios na liderança e impacto na coleta de dados
Enquanto o cargo de comissário foi temporariamente preenchido por EJ Antoni, indicado por Trump, diversas outras posições estratégicas permanecem desocupadas. Essas vagas supervisionam aspectos fundamentais das estatísticas de emprego, incluindo operações regionais de campo. Segundo fontes familiarizadas, muitos funcionários experientes, que atuavam há décadas na agência, aceitaram ofertas de demissão voluntária recentemente, agravando o quadro de carência de profissionais qualificados.
Consequências da ausência de lideranças na agência
Especialistas alertam que a falta de lideranças dificulta a implementação de melhorias e reformas necessárias na coleta, análise e divulgação dos dados econômicos. “Quando você não tem líderes para ajudar a priorizar e identificar o que vai ser feito, e tem menos capacidade, o que fica para trás são as melhorias”, afirma Erica Groshen, ex-comissária do BLS durante o governo Obama. A redução de cerca de 20% na força de trabalho desde o início da gestão Trump também diminui a capacidade técnica da agência.
Repercussões na credibilidade dos dados econômicos
Recentemente, o relatório de emprego de julho apresentou revisões para baixo que surpreenderam economistas, além de mudanças significativas nos meses anteriores—as maiores desde a pandemia. Ron Hetrick, especialista em estatísticas de emprego, criticou a explicação da agência para as revisões, alegando falta de transparência na análise.
Segundo dados divulgados, o desemprego subiu para 4,3% em agosto, cenário que poderia estimular o Federal Reserve a considerar cortes na taxa de juros. No entanto, a falta de recursos e de uma equipe sólida limita a modernização e a confiabilidade das pesquisas de emprego, impactando tanto formuladores de políticas quanto investidores.
Indicações políticas e interferência na agência
O governo Trump tem pressionado por mudanças na direção do BLS, nomeando EJ Antoni, economista da Heritage Foundation, para liderar a agência. Essa indicação gerou temor entre economistas de que interesses políticos possam interferir na produção de dados. A nomeação ocorre em meio à suspensão de contratações federais até 15 de outubro, dificultando o preenchimento de vagas de técnicos e analistas de dados.
Repercussões e perspectivas futuras
Para especialistas, a prioridade máxima do próximo comissário será preencher os cargos de liderança, essenciais para garantir a integridade e eficiência das estatísticas do trabalho. Erica Groshen destaca que a situação atual prejudica a credibilidade da agência e reforça a necessidade de fortalecer a autonomia e o fortalecimento institucional do BLS.
Representantes do Departamento do Trabalho afirmam que esforços estão em andamento para nomear um novo comandante e que melhorias na coleta de dados, como modernização de pesquisas e aumento das taxas de resposta, devem ser prioridade. No entanto, a continuidade dessas ações depende do preenchimento efetivo das vagas e do fortalecimento da autonomia do órgão.
As incertezas na liderança do BLS revelam uma vulnerabilidade crítica na base de dados que sustenta a economia dos EUA, potencialmente afetando decisões de política monetária, investimentos e a avaliação do desempenho econômico no país.
Fonte: O Globo
Com informações do Jornal Diário do Povo
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