Brics se reúne virtualmente para enfrentar tarifaço de Trump e fortalecer união

Os líderes do Brics reuniram-se ontem de forma virtual, convocados pelo Brasil, para tratar do impacto do tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos países do bloco. A reunião ocorreu cerca de dois meses após o encontro presencial realizado no Rio de Janeiro, evidenciando a importância da estratégia de cooperação frente às tensões comerciais internacionais.

Resposta ao tarifaço de Trump e a defesa do bloco

Durante o encontro, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as retaliações econômicas dos EUA representam uma “chantagem tarifária para interferir em questões domésticas”. Lula destacou que os países do Brics se tornaram vítimas de práticas comerciais ilegais e injustificadas, denunciando a imposição de medidas extraterritoriais e sanções secundárias que ameaçam a cooperação internacional.

Discurso do presidente chinês e união do bloco

O líder da China, Xi Jinping, reforçou a necessidade de resistir às políticas protecionistas e unilateralistas, defendendo a união do Brics. Ele afirmou que “hegemonismo, unilateralismo e protecionismo estão se tornando cada vez mais desenfreados” e destacou que a globalização econômica é uma tendência irreversível, ressaltando a importância da cooperação nas áreas de comércio, finanças e tecnologia.

Reconhecimento da importância do bloco

O presidente de África do Sul, Cyril Ramaphosa, ressaltou que fortalecer a união do Brics é fundamental para aumentar a resiliência das economias. Ele afirmou que as incertezas do novo regime comercial provocaram impactos negativos no emprego de seu país e dificultam o crescimento econômico. Lula também reforçou a relevância do bloco, destacando que juntos os países do Brics representam 40% do PIB global, 26% do comércio mundial e quase 50% da população mundial.

“Temos, portanto, a legitimidade necessária para liderar a refundação do sistema multilateral de comércio, com bases modernas, flexíveis e voltadas ao desenvolvimento”, afirmou Lula, que buscou fortalecer a cooperação multilateral diante do cenário de tensões globais.

Responsabilidades e desafios do Brics

Xi Jinping solicitou aos países do bloco que resistam às formas de protecionismo e reforçou a importância de aprofundar a cooperação em setores estratégicos. Ele afirmou que “quanto mais estreitamente trabalharmos juntos, mais resilientes, engenhosos e eficazes seremos no enfrentamento dos riscos externos”.

Professor de geopolítica Ronaldo Carmona destaca que o Brasil busca ampliar suas alianças internacionais, exercendo atualmente a presidência do Brics. Por outro lado, o especialista em estudos globais Lucas Martins afirma que as ameaças de Trump contribuíram para a aproximação do Brasil com o bloco, reforçando a cooperação entre os países.

Outros temas e perspectivas futuras

Além do impacto do tarifaço americano, a reunião abordou questões como a situação na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia e a realização da COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro. O comunicado oficial do Kremlin mencionou que Vladimir Putin defendeu a cooperação no grupo, mesmo sem ter seu discurso divulgado.

O presidente Lula reforçou a necessidade de fortalecer a governança digital, defendendo ecossistemas de base nacional e regulados para garantir soberania tecnológica e evitar manipulação estrangeira. “Sem soberania digital, seremos vulneráveis à manipulação externa”, afirmou.

A reunião evidenciou o esforço do Brics em consolidar um bloco de potências que busca maior autonomia frente às pressões dos Estados Unidos e outros atores internacionais, além de fortalecer suas próprias estratégias de desenvolvimento.

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Com informações do Jornal Diário do Povo

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