Impactos do tarifazo nos produtores de mel do Piauí

A decisão de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelos Estados Unidos, afetou diretamente os produtores de mel do Piauí, principal exportador do estado. A Cooperativa Casa Apis, que destina 80% de sua produção ao mercado norte-americano, enfrenta incertezas quanto ao futuro dos contratos e à manutenção dos negócios.

Repercussões na exportação de mel do Piauí

Quando a tarifa foi anunciada, cerca de 95 toneladas de mel já estavam prestes a serem embarcadas, mas tiveram os embarques suspensos provisoriamente. Após aproximadamente um mês, a cooperativa conseguiu retomar as exportações, com alguns contêineres sendo liberados do porto, explica Sitonho Dantas, diretor-geral da Casa Apis. A tarifa, que está sendo paga pelos importadores americanos, elevou os custos, mas até o momento, as vendas continuam, mesmo com o aumento do imposto.

Perspectivas e estratégias futuras

Com a incerteza do mercado externo, a cooperativa busca diversificar seus mercados, com planos de participar de feiras internacionais e ampliar as exportações para Europa, Oriente Médio e Ásia, conforme destaca Sitonho. “Talvez tenhamos negligenciado os mercados além dos EUA nos últimos anos”, lamenta o dirigente.

Em 2024, a Casa Apis exportou 95 contêineres ao grupo norte-americano. No entanto, sem contratos fixos, a cooperativa teme o que acontecerá quando esses acordos se encerrarem, especialmente diante do risco de que a tarifa prejudique futuras vendas.

Desafios enfrentados pela Cooperativa

Além do impacto econômico, a Cooperativa Comapi, de Simplício Mendes, sofre duramente com a seca prolongada, que reduziu seus estoques e forçou os pequenos produtores a buscar sustento em outras culturas ou dependência de programas sociais como o Bolsa Família. “A seca agravou nossa crise, e agora, com essa tarifa, ficamos ainda mais vulneráveis”, lamenta Janete Dias, gerente da cooperativa.

Ela explica que, sem contratos fixos, os cooperados permanecem com estoques baixos e dificuldades em planejar a produção, uma vez que a safra de mel costuma começar em janeiro, dependendo das condições climáticas, mas sem garantia de venda nem de certificações internacionais, essenciais para acessar mercados externos.

Impacto econômico e alternativas

Economistas estimam uma queda de 0,3% na projeção do PIB, devido ao aumento das tarifas, mas as consequências mais agudas atingem micro e pequenos empresários, que enfrentam cancelamentos de contratos e redução de exportações, como no caso do Piauí.

Para evitar dependência excessiva do mercado norte-americano, a cooperativa pretende aumentar sua presença em feiras internacionais e buscar novas parceiras na Europa, Oriente Médio e Ásia, com apoio do governo por meio da Apex Brasil.

Desafios internos e o futuro dos produtores

Janete revela que, apesar dos esforços, ainda há incerteza quanto à continuidade do mercado externo. “A urgência agora é manter as certificações internacionais, que são caras e precisam ser renovadas anualmente”, afirma. Ela questiona se vale a pena renovar as certificações sem garantias de venda imediata.

Enquanto isso, a produção no Piauí, que triplicou na última década, continua sendo uma esperança para os pequenos apicultores, que precisam de estratégias de diversificação e apoio financeiro para sustentar suas atividades frente aos desafios do mercado internacional.

Mais detalhes sobre o impacto da tarifação no setor de mel do Piauí podem ser acessados neste link.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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