Tarifas elevadas reduzem apetite dos investidores no mercado de fusões e aquisições

Com juros para captação de recursos no mercado chegando a 30% ao ano, o número de empresas brasileiras buscando investidores via fusões e aquisições tem apresentado sinais de retração. Enquanto o interesse aumenta por parte dos empresários em se capitalizar, o apetite dos investidores internacionais diminui devido às incertezas geradas pelo tarifaço americano e pela instabilidade econômica local e mundial.

Impacto das tarifas e do mercado de M&A no Brasil

De acordo com Leonardo Dell’Oso, sócio da PwC Brasil e especialista em fusões e aquisições, o valor de avaliação das empresas brasileiras está em queda. “Houve um boom no valuation após um crescimento de 60% das operações em 2021, mas essa vantagem se dissipou com o tempo devido à complexidade de integrar os negócios adquiridos”, explica.

Dados do setor indicam que, neste ano, as operações de M&A cresceram 13% no acumulado do primeiro semestre, uma desaceleração em relação ao aumento de quase 22% observado no início de 2023. Dell’Oso destaca que essa tendência deve persistir até que haja uma definição mais clara sobre os impactos do tarifaço na economia brasileira.

Frio no mercado internacional de fusões e aquisições

O executivo revela que, anteriormente, recebia uma quantidade significativa de pedidos de investidores estrangeiros para análises de operações no Brasil, mas esse movimento esfria com os efeitos do tarifaço. Segundo Dell’Oso, a participação internacional no mercado de M&A chegou ao pico de 49% em 2015, mas nos últimos cinco anos caiu para uma média de 18%.

Apesar de, anteriormente, investidores considerarem o Brasil uma alternativa à Ásia para realocação de cadeias de suprimentos, a sobretaxa agora causa incerteza e paralisa os negócios. “A sobretaxa dos EUA atingiu especialmente o agro brasileiro, setor bastante alinhado ao bolsonarismo”, complementa Dell’Oso.

Perspectivas para o mercado de M&A no Brasil

Com os efeitos das tarifas mais definidos, Dell’Oso avalia que há uma possibilidade de retomada nos investimentos na segunda metade de 2025, sobretudo com a queda dos juros a partir de 2026. “Graças ao potencial de produção, energia renovável e força de trabalho, o Brasil possui grande capacidade de crescimento no mercado de fusões e aquisições”, afirma.

O especialista destaca que, à medida que os valores dos ativos caírem, o mercado de M&A tende a se recuperar. “Para isso, será fundamental que o cenário político e econômico se estabilize, promovendo maior confiança tanto de investidores nacionais quanto internacionais.”

Fonte

Com informações do Jornal Diário do Povo

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