Trump impõe tarifa recíproca de 39% à Suíça em nova escalada na guerra comercial

Nesta sexta-feira (1º), a Suíça foi surpreendida por uma tarifa recíproca de 39% impostas pelos Estados Unidos sobre seus produtos importados, uma das mais altas já anunciadas por Trump em sua guerra tarifária. A presidente suíça, Karin Keller-Sutter, explicou que conversou com o presidente na véspera, mas não houve acordo para evitar as tarifas, que ameaçam uma relação de décadas entre os dois países.

Guerra tarifária entre EUA e Suíça aumenta o conflito comercial

Após a ameaça inicial de Trump, em abril, de aplicar uma tarifa de 31% sobre produtos suíços, a situação se agravou na noite de quinta-feira, quando a Casa Branca anunciou tarifas revisadas, variando entre 10% e 41%. A tarifa mais elevada atinge a Síria (41%), enquanto União Europeia, Japão e Coreia do Sul seguem com taxas de 15%.

Impacto nas exportações suíças e resposta do país

A Suíça exportou US$ 60,9 bilhões para os EUA em 2024, incluindo medicamentos, dispositivos médicos, café, relógios e ouro — cuja exportação totalizou US$ 11,5 bilhões, principal item exportado pelo país. Caso as duas partes não cheguem a um acordo até 7 de agosto, esses produtos ficarão sujeitos à tarifa de 39%.

Embora a tarifa recíproca de 10% tenha sido mantida desde abril, o país enfrenta agora uma sobretaxa adicional de 40%, totalizando 50%, além de uma lista de quase 700 produtos isentos. O governo suíço tenta equilibrar a proteção de sua economia e preservar a competitividade de seus setores exportadores.

Reação internacional e estratégia da Suíça

Reprensões de partidos políticos e entidades econômicas suíças condenaram a decisão de Trump. Partidos tradicionais afirmaram que essa medida prejudica a relação bilateral e o livre comércio, que vinha sendo consolidado há décadas. Segundo o Partido Liberal, a ação dos EUA “sabotagem a uma relação econômica sólida”.

De acordo com o Financial Times, o otimismo inicial de Berna, de que a Suíça seria uma das primeiras a fechar um acordo comercial com Washington, foi substituído por surpresa e preocupação com o aumento das tarifas.

Impactos na indústria farmacêutica e no comércio

O conflito também afeta a indústria farmacêutica suíça, responsável por cerca de 60% das exportações aos EUA. Empresas como Novartis e Roche prometem bilhões em investimentos no mercado norte-americano, mas enfrentam a ameaça de tarifas elevadas e de pressão de Trump para redução de preços.

O aumento das tarifas obriga empresas a ampliar estoques nos EUA para escapar de custos adicionais, o que pode gerar impacto na cadeia de produção e distribuição global. Como reflexo, fabricantes de máquinas e móveis já buscam alternativas de mercado para contornar as tarifas elevadas.

Perspectivas futuras e possíveis negociações

O governo suíço tentará retomar as negociações antes do prazo final, buscando um entendimento que minimize os prejuízos econômicos. Para isso, deverá defender seus interesses na convenção de que tarifas aplicadas por Trump representam uma ameaça ao próprio livre comércio internacional.

Especialistas sugerem que a estratégia da Suíça consiste em manter o diálogo aberto ao mesmo tempo em que reforça sua posição de exportadora de alta tecnologia e produtos de valor agregado — especialmente no setor farmacêutico — para evitar danos duradouros.

Para mais detalhes sobre a lista de produtos afetados e o contexto geral, confira o relatório completo do Globo.

Tags: economia, comércio internacional, guerra tarifária, Estados Unidos, Suíça

Com informações do Jornal Diário do Povo

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