Enchentes no RS causam prejuízos devastadores para agricultores e animais

Nas últimas semanas, as chuvas intensas voltaram a atingir o Rio Grande do Sul, provocando novas enchentes que ameaçam a vida de agricultores, animais e comunidades inteiras. Mais de 140 municípios estão afetados, e 25 cidades já decretaram situação de emergência, incluindo Jaguari, em calamidade pública, segundo boletim divulgado pelo governo estadual na segunda-feira (24).

Impactos das enchentes para os produtores do Rio Grande do Sul

Os prejuízos são expressivos: animais morreram levados pelas águas, lavouras de soja e arroz foram completamente destruídas e casas ficaram ilhadas em várias regiões. Em Candelária, o agricultor Fabiano André Kappaun conseguiu alugar uma casa na área urbana, mas sua propriedade na zona rural foi completamente isolada pelas enxurradas. “As crianças ficam apavoradas com qualquer chuvinha, e a gente não sabe se vai conseguir recomeçar sem financiamento”, disse.

Fabiano estima que precisaria de pelo menos R$ 100 mil para recuperar o solo e retomar as atividades agrícolas, valor que ele não possui e teme não conseguir obter em linhas de crédito. Sua família também sofreu perdas: o irmão perdeu 10 cabeças de gado, que foram levadas pelas enchentes, sem possibilidade de recuperação.

Prejuízos na pecuária e na agricultura gaúcha

Em Rio Pardo, o pecuarista Jardel Luis Eisenhardt enfrentou situação semelhante. Ainda que tenha conseguido salvar seu rebanho ao levá-lo para áreas mais elevadas, perdeu cerca de 80% da pastagem, equivalente a 36 hectares, e calcula um gasto adicional de R$ 150 mil para recuperar o solo e comprar ração para alimentar seus animais até que a pastagem esteja recuperada, prevista para começar em novembro.

“A gente se prepara para uma coisa, e acontece outra. Está uma situação bem crítica”, afirma. A família de Daniela Fernanda Hermes, também de Rio Pardo, enfrenta dificuldades em sua produção diversificada de frutas, hortaliças e criação de peixes. A enxurrada rompeu o açude, matando cerca de 200 kg de tilápias e carpas, além de prejudicar a colheita de alfaces, rúculas e laranjas, que mofaram ainda na árvore.

Perdas na criação de abelhas e impactos ambientais

Outro prejuízo expressivo foi na apicultura de João Maciel Lunardi Cogo, de 41 anos, que perdeu 187 colmeias na cidade de Unistalda, ocasionando um prejuízo estimado em R$ 60 mil. Além da perda das abelhas, ele teve a estrutura para a produção de mel destruída pelas águas, o que pode atrasar a recuperação por até três anos.

De acordo com as autoridades, 146 municípios do estado estão afetados pelas chuvas intensas. A situação exige atenção das autoridades e investimentos em ações de recuperação e assistência aos afetados, que atualmente enfrentam dificuldades para retomar suas atividades.

Perspectivas e desafios futuros

As enchentes voltaram a evidenciar a vulnerabilidade dos agricultores gaúchos às mudanças climáticas, que têm provocado eventos extremos com maior frequência e intensidade. Especialistas alertam para a necessidade de políticas de resiliência e investimentos em infraestrutura para evitar futuras tragédias no estado.

Enquanto isso, os produtores aguardam financiamento e recursos para reconstruir suas vidas e seus meios de subsistência, na esperança de que o clima desregulado melhore e permita uma nova chance para o campo gaúcho.

Com informações do Jornal Diário do Povo

Publicar comentário