Os mestres do olfato: o trabalho dos perfumistas e a inteligência artificial

Na sede da Symrise em Holzminden, uma cidade ao sul de Hanover, um aroma cítrico ocupa os laboratórios onde futuros perfumistas treinam intensamente para desenvolver os cheiros que moldam emoções e memórias. O trabalho envolve anos de aprendizado para criar aromas fortes, acessíveis e capazes de agradar a diferentes públicos—uma combinação de talento humano e tecnologia.

O treinamento de três anos dos “farejadores”

Ser um perfumista exige um programa de três anos de formação, no qual os alunos pesam ingredientes em miligramas, misturam, cheiram e recomeçam constantemente. Segundo o mestre perfumista Marc vom Ende, de 56 anos e diretor da escola, “ao desenvolver um perfume, é muito importante que várias pessoas o sintam. Cada um percebe o cheiro de forma diferente.”

Para Alicia De Benito Cassado, ex-pianista que trocou a música pela criação de aromas, o olfato também revela emoções além do prazer. “Nem tudo precisa cheirar bem. O horror ao cheiro também nos ajuda a nos descobrir”, ela explica.

O papel da ciência na composição de aromas

Os especialistas precisam desvendar a estrutura química de odores complexos. De Benito Cassado afirma que desenvolver aromas fortes e acessíveis é fundamental para atender às exigências do mercado. A criação envolve detectar mais de mil odores diferentes, decompondo-os em seus componentes químicos.

Durante o treinamento, os alunos aprendem a reconhecer combinações químicas e a replicar aromas existentes, visando inovação. Segundo o mestre perfumista Marc vom Ende, “percebemos que a percepção de cheiro varia de pessoa para pessoa, por isso é vital testar em diferentes colaboradores”.

Desafios regulatórios e variabilidade cultural

Regras mais severas, especialmente na União Europeia, exigem a substituição de ingredientes proibidos, como o lilial, por compostos compatíveis. Além disso, diferentes países apresentam preferências distintas; produtos populares na China, por exemplo, podem não agradar na Europa.

Yuan Shangyun destaca o uso de resinas de madeira extraídas de resíduos da indústria de papel, uma prática que une sustentabilidade e economia, promovendo a inovação no setor.

O apoio da inteligência artificial na criação de aromas

Embora a tecnologia avance, as máquinas ainda não conseguem sentir cheiros. No entanto, a inteligência artificial (IA) auxilia na previsão de aromas que conquistarão o mercado, com programas de computador podendo analisar milhares de combinações químicas.

“Temos o apoio da IA, mas o nariz continua tendo a palavra final”, resume Vom Ende, ressaltando que o talento humano permanece insubstituível na arte de farejar.

Desafios e perspectivas do setor de fragrâncias

O setor de aromas envolve cerca de 500 perfumistas, sendo 80 na Symrise, que atua com uma carteira de aproximadamente 30 mil produtos, desde perfumes até rações e protetores solares. Entre os concorrentes estão a DSM-Firmenich, na Suíça, e a Givaudan, também suíça.

A inovação, a regulamentação e a sustentabilidade moldam o futuro da profissão, que combina ciência, criatividade e tecnologia de modo único. Afinal, por mais que a IA auxilie na elaboração de fragrâncias, é o nariz humano que decide o sucesso ou fracasso de uma criação olfativa.

Para mais informações, acesse o artigo completo.

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Com informações do Jornal Diário do Povo

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