Mais esperança global: brasileiros vivem melhor, mas norte-americanos enfrentam queda no bem-estar
Segundo uma pesquisa da Gallup envolvendo 142 países, a quantidade de pessoas que se sentem prosperando no mundo aumentou nos últimos anos, enquanto a sensação de sofrimento caiu para o menor nível desde 2007. No entanto, regiões como Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e Austrália registraram uma redução na percepção de bem-estar, indicando uma tendência preocupante em nações antes consideradas exemplos de altos padrões de vida.
O aumento do bem-estar em várias regiões e o declínio em países desenvolvidos
Desde 2017, a proporção de pessoas que afirmam estar prosperando cresce de forma constante. A porcentagem de quem vive dificuldades caiu para 7% globalmente, marcando o nível mais baixo em quase duas décadas. Países como Kosovo, Vietnã, Cazaquistão e Paraguai assumem destaque nesse avanço, enquanto muitos nações ricas enfrentam uma deterioração no bem-estar, incluindo uma queda de quase 20 pontos percentuais nos Estados Unidos, que passaram de 67% para 49% dos moradores que se consideram prósperos.
Fatores sociais, econômicos e espirituais em disputa
Especialistas destacam que a prosperidade não se resume ao aspecto financeiro. Ao contrário, ela depende de uma tríade composta por crescimento econômico, conexões sociais e sentido de propósito de vida. Dan Witters, da Gallup, explica que pessoas que mantêm vínculos comunitários e participam de atividades religiosas tendem a atingir maior bem-estar, sobretudo por sentirem que suas vidas possuem significado e direção.
A pesquisa Global Flourishing Study, liderada por Tyler VanderWeele, revela que países como Israel e Polônia se destacam positivamente nas três dimensões, enquanto Japão e nações escandinavas apresentam bons resultados econômicos, mas menor percepção de propósito. Indonésia, México e Filipinas, por sua vez, combinam fragilidade econômica com forte sentido social e espiritual.
O impacto da cultura ocidental e a prioridade pelo ganho material
VanderWeele sugere que a crise do bem-estar em países ricos pode estar relacionada à priorização do sucesso financeiro em detrimento de valores sociais e espirituais. Desde os anos 1960, o Ocidente adotou valores mais seculares e individualistas, que, segundo estudos do World Values Survey, afastaram suas sociedades das tradições comunitárias e religiosas herdadas de suas culturas originais.
Essa mudança de valores, ao intensificar o hiperindividualismo, tem afetado especialmente os jovens e os progressistas, que crescem em ambientes mais desconfiados e atomizados. Dados da Foundation for Individual Rights and Expression de 2024 indicam que jovens liberais estão mais suscetíveis a problemas de saúde mental, com índices de depressão que cresceram substancialmente entre esse grupo.
Consequências sociais e boicotes ao sentimento de comunidade
O aumento da depressão e da solidão revela uma desconexão crescente entre saúde econômica e social. Apesar do avanço no PIB, o otimismo e a confiança social diminuíram, refletindo uma profunda perda de sentido na vida de muitos. O próprio comportamento cultural ocidental, que valoriza a autonomia absoluta e a autoexpressão, pode estar contribuindo para esse quadro negativo, alerta VanderWeele.
Jovens, especialmente os progressistas, experimentam uma crise de sentido, com altos índices de infelicidade na juventude e sofrimento mental. Ainda assim, há uma esperança de reversão, caso as sociedades possam equilibrar o crescimento econômico com o fortalecimento de vínculos comunitários e valores coletivos essenciais para o bem-estar social.
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Com informações do Jornal Diário do Povo
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