Artista vende imagem que virou avatar digital em campanhas de IA
Scott Jacqmein, ator de 52 anos de Dallas, Texas, revelou que sua imagem foi licenciada ao TikTok no ano passado e hoje é usada na internet como avatar digital para vendendo produtos diversos, sem seu controle. Os avatares, alimentados por inteligência artificial, promovem de seguros a suplementos de desempenho masculino, em anúncios que ele desconhece ou não aprova.
Como a imagem de Jacqmein virou avatar digital
Jacqmein licenciou sua imagem ao TikTok na expectativa de construir sua carreira de ator, após anos na enfermagem. Porém, ele descobriu que uma versão digital dele é usada em campanhas publicitárias em múltiplas plataformas, incluindo Facebook, Instagram e YouTube, muitas vezes sem seu consentimento explícito.
Uso de inteligência artificial na criação de avatares
O artista afirma que seu avatar, chamado “Steve”, foi criado por uma agência externa sem sua presença física. A tecnologia permitiu, depois, que esse avatar falasse diferentes idiomas, inclusive espanhol, e fosse colocado em diversos cenários, embora Jacqmein não fale espanhol fluente. A tecnologia também permite modificar expressões, gestos e aparência do avatar de maneira rápida e barata, especialmente para pequenas empresas.
Impactos e controvérsias
Jacqmein se arrepende de não ter negociado mais dinheiro e de não ter imposto limites ao uso de sua imagem. “A tecnologia está evoluindo mais rápido que os contratos, e eles estão fisgando novos atores ansiosos, sem representação, para sua teia de avatares”, afirma. Além disso, artistas como Tracy Fetter, também com avatares no TikTok, receberam valores irrisórios por seus trabalhos, como menos de US$ 1 mil.
Embora os avatares sejam uma ferramenta gratuita para empresas no TikTok, os artistas não recebem royalties pelo uso de suas imagens digitais. A falta de regulamentação clara e os contratos ambíguos facilitam o uso indevido, muitas vezes fora das plataformas originais, inclusive em anúncios de terceiros, como o YouTube.
Desafios jurídicos e éticos
Especialistas alertam que a atual legislação é insuficiente para proteger artistas contra o uso não autorizado de suas representações digitais. Jeanne Fromer, professora de propriedade intelectual na Universidade de Nova York, explica que é difícil prever todos os cenários em que uma imagem pode ser usada e que pouco recurso legal fica ao artista insatisfeito com a utilização de seu avatar.
O TikTok afirma que suas diretrizes garantem transparência, e que a moderação de anúncios conta com tecnologia e supervisão humana. A plataforma diz que, quando suas políticas são violadas, as parcerias são encerradas. Ainda assim, o avanço rápido da IA levanta dúvidas sobre os limites dessa regulamentação.
Perspectivas futuras na publicidade digital
Executivos da TikTok destacaram, em Cannes, na França, que avatares de IA representam uma nova fronteira acessível principalmente para pequenas empresas. A disseminação de avatares digitais, fabricados do zero ou a partir de imagens artísticas, pode ter um impacto sísmico na publicidade global, avalia Joe Marchese, investidor e ex-executivo de TV.
Artistas como Fetter, que já presencia suas imagens sendo usadas em anúncios, marcam preocupação com a ampliação dessa tendência, especialmente por conta da dificuldade de controle sob a utilização de seus avatares. Como ela mesma admite, a tecnologia evolui rapidamente, muitas vezes antes que contratos possam acompanhar.
Enquanto o uso de avatares digitais cresce, o cenário levanta questionamentos éticos e legais sobre direitos de imagem, royalties e controle de conteúdo na era da inteligência artificial. Jacqmein espera que, no futuro, haja maior clareza e proteção para os artistas diante dessa transformação digital.
Leia mais em: Ele vendeu sua imagem, agora seu avatar faz publi de suplementos no TikTok
Com informações do Jornal Diário do Povo
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