Tarifas de Trump afetam produtos brasileiros e elevam preços nos EUA
As tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começam a modificar a rotina dos consumidores brasileiros e americanos, com reflexos no preço de produtos essenciais no café da manhã, como café, suco de laranja e carne bovina. A partir de 1º de agosto, entra em vigor uma sobretaxa de 50% sobre itens brasileiros, o que deve elevar os custos nos supermercados e nas redes de fast-food.
Impactos no mercado de alimentos e bebidas
Entre os produtos mais afetados estão o café, o suco de laranja e a carne bovina, itens que compõem o cardápio tradicional dos americanos. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA, mais de 99% do café consumido no país é importado, principalmente da América do Sul, África e Ásia. Em 2024, os Estados Unidos adquiriram 1,6 milhão de toneladas do produto, o que reforça a dependência da importação.
Se a ameaça de Trump se concretizar, fabricantes e traders já estão ajustando suas operações. Traders de commodities aceleram o envio de café brasileiro aos EUA para evitar o impacto da tarifa, desviando rotas e redirecionando navios, enquanto empresas também liberam estoques de países vizinhos, como Canadá e México, para suprir a demanda antes do início da sobretaxa.
Reação política e reação do Brasil
O governo brasileiro e líderes políticos reagem às ameaças de Trump. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que o país busca diálogo, mas não aceitará imposições unilaterais. “Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo”, afirmou Lula neste fim de semana, criticando a postura americana.
Economistas alertam, no entanto, que as pressões sobre os preços podem se intensificar nos próximos meses, especialmente com a possibilidade de novas tarifas contra países da União Europeia e outras nações, anunciadas por Trump nos últimos dias. Mesmo assim, um estudo do banco Daycoval sinaliza que, mesmo com a tarifa de 50%, a queda no volume de exportações brasileiras para os EUA deve atingir cerca de 15%, devido à dificuldade de substituição rápida por parte dos americanos.
Consequências no mercado de café e outros setores
O impacto no setor cafeeiro será imediato, já que o café é um dos itens com maior efeito de repasse de preços. Segundo Ryan Cummings, do Instituto Stanford de Pesquisa em Política Econômica, o preço do café pode aumentar até 25 centavos por xícara em cerca de três meses, caso os custos no atacado subam 50%.
Além do café, o suco de laranja, outro símbolo do café da manhã americano, deve encarecer devido à alta dependência do Brasil na exportação para os EUA. Cerca de 90% do suco importado provém do Brasil, cuja produção enfrenta dificuldades por doenças cítricas e eventos climáticos extremados na Flórida.
Impactos na carne e na economia brasileira
Apesar da alta nas tarifas, a carne brasileira vem ganhando destaque no mercado americano, que passou a importar o dobro de carne magra brasileira nos primeiros cinco meses de 2025, atingindo 21% das importações totais. Isso ocorre em um momento em que a produção doméstica americana de carne também enfrenta queda, com expectativa de redução de 2% na oferta neste ano.
Com isso, o setor de carnes brasileiras se tornou estratégico na estratégia de abastecimento dos Estados Unidos, embora a reação do mercado ainda esteja em avaliação. Segundo especialista do Rabobank, qualquer mudança repentina na logística pode gerar perdas para todos os lados, incluindo investidores e consumidores.
Perspectivas futuras e desafios
No cenário atual, a corrida contra o tempo nos portos reforça a preocupação dos traders brasileiros e internacionais, que buscam garantir a entrada das cargas no mercado americano a tempo de evitar os efeitos da sobretaxa. A implementação da tarifa também levanta dúvidas quanto à estabilidade do mercado global, com possíveis reformulações nos fluxos comerciais de produtos brasileiros para os Estados Unidos e outros países.
O impacto sobre os consumidores norte-americanos já é sentido na inflação. Em junho, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 2,7% em 12 meses, maior alta desde fevereiro, impulsionado por aumentos nos preços de móveis, eletrodomésticos e vestuário, que já sentem o efeito das tarifas vigentes.
Enquanto isso, a política de Trump provoca reações no Brasil, com o governo buscando diálogo, mas reafirmando que não aceitará imposições unilaterais. Analistas destacam ainda que, apesar de o impacto atual ser relativamente controlável, as pressões sobre os preços podem se intensificar, afetando diversos setores da economia brasileira nos próximos meses.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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