Desafios e avanços da COP30 em Belém: o que realmente mudou
A COP30, realizada em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro, foi promovida como a conferência de implementação, onde os compromissos deveriam virar prática. No entanto, a realização mostrou-se mais desafiadora do que o esperado, com dificuldades para consensuar pontos cruciais na agenda climática.
Ponto de insatisfação: ausência de um mapa para descontinuar os combustíveis fósseis
Um dos aspectos mais frustrantes da conferência foi a falta de um plano claro para a descontinuação dos combustíveis fósseis. A proposta ganhou força internamente, mas diplomatas de países europeus, latino-americanos e nações-ilha enfrentaram resistência de China e Índia, dificultando avanços concretos nesse tema.
Redução do desmatamento na Amazônia: avanços e desafios
A ideia de criar um mapa contra o desmatamento também teve protagonismo na COP30. Apesar de o Brasil consolidar sua liderança na agenda, especialmente na busca por reduzir queimadas na Amazônia, o setor produtivo ainda representa uma barreira. Pecuaristas, produtores de óleo de palma na Indonésia e mineradoras na bacia do Congo são apontados como desafios na implementação efetiva de medidas de proteção às florestas.
Impacto da iniciativa brasileira
Brasil lançou, em parceria, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um mecanismo financeiro para premiar quem preserva matas. Contudo, a rodada inicial de investimentos arrecadou apenas US$ 6 bilhões dos US$ 25 bilhões previstos, exigindo avanços nas negociações futuras.
A questão da adaptação às mudanças climáticas
A adaptação ao fenômeno climático ganhou força, diante da constatação de que o limite de aumento de temperatura de 1,5°C será ultrapassado. Países concordaram em estabelecer 59 indicadores para acompanhar o avanço das ações de adaptação e prometeram levantar US$ 120 bilhões por ano até 2035 para o setor, embora ainda exista falta de clareza sobre como alcançar esses objetivos.
Transição justa e preservação de grupos vulneráveis
Um dos temas mais celebrados na COP30 foi a decisão sobre transição justa, que visa proteger trabalhadores, indígenas, negros e mulheres das implicações econômicas das mudanças necessárias para combater a crise climática. Essa abordagem busca evitar distorções e garantir inclusão social no processo de transformação do modelo econômico.
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Iniciativas inovadoras e problemas internos
Outro destaque foi o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma tentativa brasileira de criar um mecanismo de incentivo à preservação. Contudo, a rodada de investimento inicial concentrou-se em apenas US$ 6 bilhões, frente aos US$ 25 bilhões planejados, ainda requerendo avanços para atingir esse valor.
Por outro lado, a negociação sobre o fluxo de US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, destinada a financiar ações de países ricos para os mais pobres, foi vaga no documento final, sem consequências práticas claras. Além disso, o Brasil apresentou uma proposta de criar uma coalizão voluntária de mercados de carbono, que teve adesão de 19 países, possibilitando investimentos de empresas estrangeiras na redução de emissões em países em desenvolvimento.
Manifestações e problemas na organização
A presença de manifestações intensificou o clima da COP30 após três edições anteriores com limitações às expressões públicas. A Marcha do Clima, realizada durante o evento, atraiu dezenas de milhares de participantes em Belém, reforçando o apelo por ações concretas contra a crise climática. No entanto, problemas estruturais na organização, incluindo uma invasão de segurança, além de problemas de refrigeração e saneamento, prejudicaram a credibilidade da conferência. Um incêndio sem vítimas também interrompeu as atividades por horas no penúltimo dia.
Segundo análise do Fonte O Globo, os obstáculos internos e as dificuldades de consenso evidenciam que, apesar de alguns avanços, a COP30 ainda precisa de ações mais concretas para enfrentar a urgência da crise climática no Brasil e no mundo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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